UniFrance: “Nicole Kidman, Eyes Wide Open”, seu próprio olhar sobre sua vida e obra.
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09 | 03 | 2023 - Documentários, Eyes Wide Open, Nicole Kidman
O documentário Nicole Kidman, Eyes Wide Open, que faz parte da coleção “Cinema Icons” da ARTE Distribution, apresenta um ponto de vista inusitado e extremamente pessoal sobre a vida e as escolhas artísticas da famosa atriz. Símbolo de Hollywood, mas também da independência e emancipação da mulher, Nicole Kidman conta a sua própria história através de excertos de uma longa entrevista, aqui revelada pela primeira vez. Valérie Montmartin, produtora da Little Big Story, e Florence Sala, diretora de distribuição e marketing internacional da ARTE Distribution, falam sobre a gênese do projeto, destacando seus pontos fortes e particularidades que potencializam seu apelo internacional.
Unifrance: Como surgiu a ideia desse documentário sobre Nicole Kidman?
Valérie Montmartin: Surgiu de um desejo mútuo entre o diretor Patrick Boudet e eu. Ambos cinéfilos, questionamo-nos sobre o paradoxo da sua carreira, a de uma megaestrela de Hollywood que também escolhe filmes introspectivos de realizadores que vêm do cinema artístico ou europeu, ou mesmo do cinema underground como John Cameron Mitchell. E então, Kidman também assume papéis que ninguém de sua categoria ousaria fazer, como uma mulher maltratada complexa na série Big Little Lies por exemplo (da qual ela é uma das produtoras). Isso nos deu um vislumbre de um material muito rico.
Este documentário oferece um ponto de vista muito pessoal sobre a vida e obra da famosa atriz, você pode nos contar sobre a escolha desse ângulo em particular? Que nova luz traz para este ícone do cinema?
VM: O ângulo fica com Patrick Boudet e foi escrito principalmente por ele em seu roteiro depois de muitas reuniões e ponderando seu trabalho como atriz, mas também como produtora. Patrick, ex-professor de filosofia, construiu a história em torno da seguinte ideia: Nicole Kidman lança as bases para uma questão que ela desenvolveu e explorou ao longo de 30 anos e mais de 70 filmes: o status da mulher na sociedade. Questionando as estruturas familiares, sociais e profissionais, Kidman rastreia as formas de subjugação sofridas ou aceitas, as armadilhas do hábito e do silêncio, as marcas patriarcais. Filme após filme, Nicole Kidman também designa suas mazelas ao representar todos os dramas que a amedrontam na vida: luto, infertilidade, submissão, estupro, traição, abandono, rejeição da prole, velhice… fazendo de sua obra cinematográfica um espelho.
É a própria Kidman quem conta sua história e carrega o documentário. Também descobrimos entrevistas exclusivas. Como foi a compilação da documentação, você encontrou alguma dificuldade?
VM: Para contar essa história, usamos um documento inédito: a voz de Nicole Kidman gravada durante uma longa entrevista com Michel Ciment, crítico positifista e eminente especialista de Stanley Kubrick e Jane Campion. Esta entrevista, que refaz sua carreira, é uma base excepcional para nosso documentário. Isso nos levou a tratar cada uma das intervenções de Nicole fora das câmeras, para que ela mesma fosse o fio condutor da narrativa. Patrick entrevistou quem acompanha sua carreira ou já trabalhou com ela, notadamente Gus Van Sant (To Die For) e James Cameron Mitchell (Rabbit Hole). Eles responderam com grande entusiasmo!
O documentário já é muito popular internacionalmente, como você explica esse sucesso?
Florence Sala: O documentário faz parte da nossa coleção “Ícones do Cinema”, que se tornou uma referência nesse tipo de retrato, com uma abordagem de altíssimo padrão. Tornou-se uma espécie de etiqueta do distribuidor, uma garantia de qualidade que nos permite levar os títulos que compõem a coleção. Este documentário sobre Nicole Kidman é vendido no âmbito desta estratégia e tem obtido um sucesso ímpar pelo tratamento muito pessoal que oferece, proporcionando uma proximidade com a atriz, mas também com a mulher, que raramente se revela desta forma. Além disso, Kidman se tornou uma verdadeira personificação do Empoderamento Feminino no trabalho em Hollywood, uma das chaves para o filme viajar.
O filme já vendeu em vários territórios.
FS: Sim. Um caso particular é a Austrália, onde dois canais concordaram em comprar os direitos da primeira janela, para o primeiro canal e depois para o próximo, o que é extremamente raro. Também realizamos inúmeras vendas, principalmente na Escandinávia, Canadá, Polônia, Holanda, África, Suíça, Israel e América Latina.
Você apresentou o programa nas Sessões da TV francesa e no Unifrance Rendez-Vous em Paris press junkets. Esses momentos-chave permitiram que você fizesse novos contatos? Quais eram seus objetivos e quais são seus objetivos futuros?
FS: Recebemos ofertas nos principais territórios europeus: Espanha, Polónia, Itália, Grã-Bretanha, entre outros.